terça-feira, 13 de outubro de 2009

2º aniversário

Já foi há 2 anos... nunca mais me esquecerei desse dia e dou graças a Deus por no final tudo ter corrido bem, pois hoje sei quais poderiam ter sido as consequências.

Sempre que penso no que aconteceu nesse dia, tudo me parece cada vez mais surrealista:
- pelo obstetra que me observou às 4:00 da matina e que me ia mandar para casa porque dizia que eu não estava a perder líquido amniótico quando escorria sempre que me mexia;
- pelos inúmeros toques que me fizeram para verificar se a dilatação passava dos 2 dedos;
- pela inconsciência das equipas que passaram por mim, que deixaram ultrapassar o limite de tempo recomendado para uma situação de bolsa rota e colocaram a Leonor em risco de lesões cerebrais graves pela falta de líquido amniótico e risco de infecções devido ao líquido que ficou estar contaminado pelo ar do exterior;
- pelo alarido que se gerou quando um obstetra da velha guarda que estava no novo turno ter visto a minha ficha e se aperceber do risco em que a Leonor estava a correr e ordenou fazer uma cesariana de emergência;
- pelo meu desespero por não ter forma de avisar o Ricardo que tinha acabado de sair para jantar qualquer coisa, pois o enfermeiro do outro turno tinha dito que estava ainda demorado;
- por ter sido a cobaia de um estagiário de anestesia e ter ouvido o anestesista dizer-lhe, estava eu apavorada e com inúmeras contracções, que ele tinha de ter calma e que se não fosse a primeira não havia problema;
- pela médica que fez a cesariana ser tão novinha e estar a cantar enquanto operava;
- pela ânsia de ouvir a Leonor chorar e poder ver pelos meus próprios olhos que ela estava bem;
- no final, pela felicidade imensa de a segurar finalmente nos meus braços.

Só me apercebi do quão mal poderia ter corrido quando vi num dos programas da Fátima Lopes uma menina que passou o mesmo que a Leonor, mas que não teve tanta sorte pois ficou com 95% de incapacidade motora devido à falta de oxigénio. Chorei tanto ao ver aquela menina numa cadeira de rodas mas com plenas capacidades mentais, plenamente consciente de tudo. Tudo fruto da incompetência dos médicos. Só de pensar que podia ter acontecido o mesmo à Leonor...

Passados 2 anos este episódio já me parece cenas de um filme. Desde então foram muitas as aventuras e tantas alegrias que todas as coisas menos boas desvanecem-se. Amo-te filhota!

1 comentário:

cristina disse...

Não imaginava!!! Mas o que importa é que correu bem!
PS: reparei que aquelas dificuldades que falavas há uns tempos em exteriorizar os sentimentos estão ultrapassados... ;)